quarta-feira, 24 de junho de 2009

Resumo de um título de vidas.

Arranjar um título para um Blogue, é quase tão difícil como para um Livro, não é que vá escrever um Livro, apesar de ter algumas experiências engraçadas mas não seriam muito diferentes das de todos nós.
A minha vida sempre foi “normal” comparada com a de muitos outros, uma boa infância, com boas e más experiências que nos fazem ser quem somos hoje, além que da infância pouco me lembro além de ter sido vivida em plenitude, como a de qualquer outra criança, coisa rara no dia-a-dia de adulto. Mas os melhores anos, ou os anos que marcaram mais, foram estes últimos 10 anos com um oceano de experiências, algumas “frias” outras mais “quentes” que fazem recordar com muito sentimento, algumas lágrimas e um sorriso na cara. Foram anos memoráveis, que não mais vou esquecer, conheci os melhores amigos, e pessoas difíceis de esquecer, quer pelo seu intelectual quer por experiências de vida que nos dão que mais parece que nos marcam com um ferro a arder.
Ainda era no tempo que eu descobria a internet (ainda se usava linha telefónica com impulsos e modem de 56kbps), belos tempos esses… onde ainda tudo era ingénuo e podia-se conhecer verdadeiros amigos, bons amigos, os melhores amigos, daqueles que faziam 30km quase todos os dias para vir tomar um café connosco ao por do sol á beira-mar e discutir sobre a vida em si, amigos que faziam directas a falar sobre a vida enquanto conduziam noite a dentro embrenhados na Serra da Arrábida, ou ainda daquele amigo que nos ia buscar às 7h da tarde para nos levar a jantar á Serra da Estrela porque sabia que nunca lá tínhamos estado antes, falo desses bons amigos. Mas a vida muda, nós casamos (curiosamente conheci a minha esposa no mesmo chat), mudamos a nossa rotina de vida, viramo-nos para um “mundo interior” onde só existe 2 pessoas e todas as peripécias inerentes a um casamento e inconscientemente esquecemo-nos desses amigos, não porque queremos, mas porque o dia não tem 48h…! Aquele agora, passa a passado e o Agora tem menos horas do que desejávamos. E depois temos o privilégio para trabalhar para aquela grande instituição que é o Exército Português, já me vão chamar de maluco, e com toda a razão, mas um maluco saudável, pois acredito que foram 7 anos (e uns trocos) de boas experiências e as más serviram para saborear melhor as boas, conheci pessoas de todos os tipos e feitios às quais aprendi a saber lidar e aprender que todos, mesmo estando escondidos por detrás de uma farda independentemente do posto são grandes seres humanos, por mais que tentem se esconder por detrás das suas mascaras! Posso mesmo afirmar que são melhores que os auto proclamados “civis”, que foi um choque tremendo quando passei á vida civil e tive que ter contacto com todo o tipo de pessoas no dia-a-dia do novo trabalho, é uma selva, onde não existe respeito pelo ser humano e muito menos para o reles “escravo” que tem de os “servir”.
Por vezes dá-me vontade de chorar por ver tremenda maldade, já chorei algumas vezes na minha vida por coisas estúpidas e sem sentido que hoje me rio quando penso nelas, ainda me lembro de chorar baba e ranho por um amigo (curiosamente o mesmo) ter visto a Lista pela internet da entrada para a Recruta obrigatória, ainda me lembro como se fosse hoje, ele ter-me escrito no chat em tom de gozo “Mancebo, vais para a Trafaria! Eheheheheh” e eu do outro lado chorei como se fosse o fim do mundo ou, ainda pior, ter chorado (e não ter sido de alegria), por saber que a minha mulher estava grávida, foi das maiores angústias da minha vida e também a mais estúpida, pois sempre achei que não tinha paciência para crianças e nunca quereria vir a ser pai pois não tinha vocação para tal, mas hoje, passado 2 anos e meio e desde o primeiro momento que o vi, o amor incondicional transpôs todas as barreiras e obstáculos de tal maneira que não conseguiria viver sem ele. E depois há aqueles amigos que nos ensinam com as suas próprias experiências que mostram como o ser humano pode ser tão imprevisível quando toca ao amor, relações de anos se perdem em dias porque finalmente (ou não) um ser se apercebe que não sabe o que significa a palavra amor e agem de maneira tresloucada em círculos elípticos á volta do seu próprio ego enlouquecido e do seu passado que nada importa Agora, é uma loucura causada pelo estar “aqui” embora se deseje estar “lá”. Ou por se estar no presente desejando estar no futuro. É uma divisão que corta a pessoa por dentro. Criar e viver com essa divisão é insano e paranoico.Isto resumindo em pequeniníssimas partes de uma vida que se vive e que mais marcou o Agora não só meu, mas de muitos outros como eu. A experiência da vida ensinou-me que onde quer que eu esteja, que esteja lá por inteiro. Se acho insuportável o aqui e agora e isso me faz infeliz, tenho três opções: abandono a situação, mudo-a ou aceito-a totalmente. Se quero ter responsabilidade pela minha vida, devo escolher um das opções e devo faze-lo no momento. Depois, arco com as consequências. Sem desculpas. Sem negatividades.

Ricardo Poeiras

2 comentários:

  1. Boas,
    Foi um prazer "ler-te", neste caso.
    Grande abraço.

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  2. E é sempre um prazer receber um comentário teu bro! :o)
    Um grande abraço.

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